Há muito o que aprender com a cegueira, surdez e outras deficiências físicas nos pets. Principalmente sobre amor verdadeiro e paciência

 

Não se tem informações sobre quantos cães ou gatos com deficiência existem no país ou são adotados no Brasil. Há quem afirme que pelo menos 10% dos animais resgatados por organizações sociais possuem algum tipo de deficiência. A adoção desses pets, além de esbarrar na rejeição, também é prejudicada pelos custos que os cuidados especiais envolvem: aquisição de fraldas, próteses e órteses sob medida, medicamentos, sessões de fisioterapia e visitas ao veterinário. Dependendo do caso, o pet com paralisia pode ter dificuldades em defecar e urinar, precisando da assistência do dono para fazê-lo. A dedicação é imprescindível.

A deficiência física em animais de estimação pode ser de ordem genética, sequela de algum acidente (atropelamento, por exemplo), consequência de maus tratos, doenças ou algum outro fator. Em um mundo onde a estética da beleza perfeita é o grande sonho de consumo, imagine os problemas enfrentados por cães, gatos e outros animais que apresentam algum tipo de deficiência. Os pets são incapazes de se defender e o melhor que podemos fazer é adotar um animal com deficiência, dedicando a ele todo o nosso carinho.

Em um mundo onde a estética da beleza perfeita é o grande sonho de consumo, imagine os problemas enfrentados por cães, gatos e outros animais deficientes

 

Felizmente, assim como há pessoas cruéis, capazes de abandonar um cãozinho ou gatinho que ficou doente ou deficiente, há aqueles dispostos a ajudá-los. Nunca devemos esquecer que nossos cães e gatos, hoje perfeitos, podem vir a sofrer com enfermidades as quais, por vezes, eles são predispostos a desenvolver. Por isso, preste muita atenção às dicas deste artigo, preparado especialmente para você pelo Vet Plus – Hospital Veterinário.

Cães e gatos com alguma deficiência física, cegueira ou surdez, geralmente encontram-se abandonados e são quase sempre rejeitados. Mesmo que você fique muito triste com a situação do seu animalzinho, tente disfarçar: os animais assimilam facilmente o estado de espírito dos donos e não há por que deixá-los amuados. Já basta a condição fragilizada em que se encontram. Não é necessário mimar esses animais, mais do que os outros. O sentimento de pena deve ser deixado de lado, para que o seu pet seja confiante e feliz. Se você adotou um animal com deficiência, não custa marcar uma visita ao veterinário para uma análise sobre as necessidades dele. Orientação profissional nunca é demais.

Paralisia e membros amputados

A paralisia ou a falta de um ou mais membros ao pet não o impedirão de ter uma vida feliz e ativa. Um andador, ou cadeira de rodas, pode levar melhorias substanciais à vida deles. Sem o equipamento, esses animais continuariam arrastando-se, machucando-se ao tentar a locomoção. Mas a vida de um pet com deficiência exige dedicação. Eles não podem ser deixados sozinhos, acoplados o tempo todo às cadeirinhas. Quando estão fora da cadeira de rodas, podem usar roupas especiais de couro ou outro material resistente que evite ferimentos na pernas posteriores, por exemplo, que sofrem com o arrasto do corpo do animal através dos membros dianteiros.

 

vp_banner-consultas-presenciais-mascotes

Considerando a complexidade do ambiente doméstico em que vivem (escadas, passagens estreitas, piscinas e mato alto, por exemplo), pets com deficiência estão sujeitos a grandes perigos, mesmo dentro de casa

 

Considerando a complexidade do ambiente doméstico em que vivem (escadas, passagens estreitas, piscinas e mato alto, por exemplo), pets com deficiência podem estar sujeitos a grandes perigos, mesmo dentro de casa: uma cadeirinha de rodas pode ficar presa entre os arbustos de um jardim ao sol do meio-dia e provocar insolação no animal; ao tentar subir ou descer uma escada, o pet pode despencar com suas rodinhas e sofrer um grave acidente. Porém, algumas iniciativas podem diminuir esses riscos e, com o tempo, o animal aprende a utilizar a cadeira de rodas, uma prótese (que substitui um membro inexistente ou parcialmente amputado) ou órtese (que ajuda o animal a firmar-se sobre um membro defectivo).  O tempo de adaptação a esses equipamentos vai depender de cada animal.

Quando o pet tem um ou mais membros amputados, mas não é paralítico, o uso de uma prótese ou órtese pode devolver a mobilidade e a alegria ao bichinho.

Mesmo se você tiver um pet saudável é bom ficar de olho no comportamento dele. Sintomas de uma hérnia de disco, por exemplo, devem ser levados muito a sério

 

Para o uso de uma cadeirinha de rodas, produto encontrado facilmente no comércio, abra caminho dentro e fora de sua casa. Observe onde a mobília pode enganchar na estrutura da cadeira de rodas, com o risco do pet ficar retido, e elimine essa possibilidade. Utilize rampas protegidas nas laterais onde for possível. Crie caminhos mais abertos e coloque tapetes ou forrações que aumentem a tração das patas sobre o chão. Pavimentos lisos dificultam ainda mais o equilíbrio dos pets e ainda podem causar luxações patelares.

Lembre-se: mesmo se você tiver um pet saudável é bom ficar de olho no comportamento dele. Sintomas de uma hérnia de disco, por exemplo, devem ser levados muito a sério. Uma visita ao veterinário, ao menor sinal de problemas na coluna vertebral ou membros do pet, é o mais recomendado.

Relação com cães e gatos saudáveis

É perfeitamente possível e saudável que gatos e cães que usam cadeiras de rodas brinquem com outros pets que não tenham deficiência. Normalmente, os não deficientes irão ficar um pouco reticentes por estranhar a parafernalha acoplada ao corpo dos novos amiguinhos. Mas, uma vez que a curiosidade seja saciada e os pets não deficientes ficarem acostumados, o relacionamento entre eles será normal e divertido.

Banhos

Os banhos em pets que precisam usar cadeirinhas de rodas podem ser dados ao ar livre nos dias quentes, sem que seja necessário retirar o equipamento. Para os animais maiores, a banheira seria um local ideal para acomodar o pet com cadeira de rodas e tudo. Gatos e cães pequenos, que podem ser amparados com apenas uma das suas mãos, podem ter a cadeira de rodas desconectada antes do banho. Nesse caso, a banheira, o box do seu banheiro ou tanque da lavanderia são locais bem práticos.

A incontinência urinária ou funcional é muito comum em animais deficientes. Há massagens especiais para que você ajude o pet a fazer as suas necessidades mesmo deitado

 

Hora do xixi

Muita gente segue um cronograma diário para levar seus pets ao “banheiro”, principalmente quem mora em apartamento ou trabalha fora de casa. Os pets com deficiência física podem muito bem seguir um cronograma, igualmente. Aliás, nesse caso, ter horários bem definidos ajuda muito a evitar acidentes de percurso, pois os bichinhos não têm total controle sobre o equipamento: podem ficar presos em algum canto ou entre as pernas das cadeiras, por exemplo. A incontinência urinária ou funcional é muito comum em animais deficientes. Há massagens especiais para que você ajude o pet a fazer as suas necessidades mesmo deitado. Muitos andadores possibilitam que o animal defeque e urine sem retirar o equipamento.

Cegueira

Comparada ao olfato e à audição, a visão é apenas o terceiro sentido mais importante para um cão. Você pode ter certeza que a cegueira do seu cão dói muito mais em você do que nele mesmo. Além do mais, há muitos recursos baratos e práticos envolvendo objetos sonoros e substâncias cheirosas que podem ajudar muito o seu pet cego a “enxergar” as coisas. Os brinquedos sonoros, com guizos no interior, são ideais para cães e gatos com deficiência visual.

Há muitos recursos baratos e práticos envolvendo objetos sonoros e substâncias cheirosas que podem ajudar muito o seu pet cego a “enxergar” as coisas

 

É necessário preparar a casa toda para receber e manter um animal cego. Quinas e pernas de móveis, quando forradas com espumas ou materiais macios apropriados, podem evitar ferimentos desnecessários. Se você costuma mudar a disposição dos móveis frequentemente, é hora de escolher um layout definitivo: sem a visão o pet vai precisar se acostumar com um caminho permanente.

Escadas e outras barreiras arquitetônicas devem ser bloqueadas até que o pet as domine e seja capaz de transpor. Há gatos que fazem verdadeiras escaladas em camas usando as garras dianteiras e cães que aprendem a subir escadas com cadeiras de rodas.

Borrifar algum tipo de perfume em locais estratégicos da casa vai ajudá-los com os obstáculos. Por exemplo, você pode borrifar lavanda no início e no fim da escada. Assim o pet usará o local perfumado como marcação para saber se há mais degraus para baixo ou para cima. Você pode até usar rampas para facilitar o acesso do seu animal de estimação a determinados locais da casa. Mas não esqueça que essas rampas precisam ter anteparos nas laterais, com altura compatível à do animal para evitar quedas. A facilitação para subir em móveis como sofás e camas pode ser feita através de escadas especiais, encontradas em pet shops.

Use sinos de vento do lado de fora da casa, para ajudar o bichinho a encontrar o caminho para dentro novamente, caso você tenha um quintal. Se você possui outros cães e gatos, providencie guizos para fixar nas coleiras deles. Dessa maneira o seu pet cego, poderá localizá-los facilmente, minimizando a desvantagem que ele tem em relação aos amiguinhos. Também é uma boa ideia costurar um ou dois guizos em um elástico de cabelo (rabicó) para prender no seu tornozelo enquanto estiver em casa. Isso proporcionará mais segurança ao pet ceguinho, uma vez que será mais fácil para ele localizar o dono. Deixar um rádio ou tevê ligados, em um volume baixinho, perto da caminha do pet vai ajudá-lo a encontrar o caminho para o seu descanso e também deverá tranquilizar o animal: o som ajuda a evitar latidos, caso ele passe muito tempo sozinho.

Manter a caminha, a água, a comida, a caixa de areia ou sanitário sempre em um único local – guardadas distâncias seguras e higiênicas entre comida, água e dejetos – vai facilitar a vida do animal que não enxerga. Os cães e gatos cegos terão menos problemas em mapear a casa e memorizar suas rotas de locomoção.

Se você possui um cão cego pequeno, evite pegá-lo no colo para ajudá-lo a encontrar o local da comida, da caminha e outras áreas. Além de ficar desorientado, quando você devolvê-lo ao chão, esta é uma atitude que desestimula o aprendizado do bichinho. Se necessário, reinicie o caminho dele, deixando-o no seu local base. Dali ficará mais fácil para ele seguir o seu próprio mapa mental da casa.

Manter a caminha, a água, a comida, a caixa de areia ou sanitário sempre em um único local irá facilitar a vida do animal que não enxerga

 

Ao usar pequenos tapetes embaixo das tigelas de água e de comida, você ajudará o pet a localizá-las através do tato das patinhas. Alguns bebedouros, equipados para jorrar a água como numa fonte, fazem o pet ouvir a água se movimentando. Isso também é muito útil na hora em que ele precisa matar a sede.

Socialização é algo ainda mais importante para um animal cego. Frequente parques, pet shops e outros locais com outros pets para que o seu amiguinho desenvolva autoconfiança e se relacione normalmente. Quando sair para um passeio, tente levar algum objeto (brinquedo, cobertor) que exale um cheiro familiar para o pet. Ele precisará desse conforto quando estiver longe de casa.

Os gatos que sofrem de cegueira ainda possuem os outros sentidos bem desenvolvidos: a audição, o olfato e o tato nas patas e bigodes ajudam a compensar a deficiência e possibilitam que ele tenha uma vida praticamente normal, desde de que sejam mantidas as rotinas de alimentação e rotas de locomoção dentro de casa.

Surdez

Se você perceber que o seu pet não atende quando é chamado, volta-se para a direção errada quando você chama, balança a cabeça frequentemente e só acorda quando alguém encosta nele, é provável que ele esteja surdo. Consulte um veterinário assim que puder. A surdez pode ser genética ou ter origem em algum bloqueio dos canais auditivos (cera em demasia, por exemplo). Outros sinais de que o animal pode estar sofrendo com a surdez: o bichinho coça frequentemente as orelhas, late sem propósito e excessivamente, fica indiferente aos sons, não atende chamados vocais, se mantém desatento, exala cheiro ruim pelos ouvidos.

Há raças de cães com maior predisposição à surdez. Trinta por cento dos dálmatas, por exemplo, nascem surdos

 

Há raças de cães com maior predisposição à surdez. Trinta por cento dos dálmatas, por exemplo, nascem surdos. Outras três dezenas de raças possuem a mesma predisposição. Entre os gatos da raça persa, diz-se que a cor branca associada a olhos azuis tem relação genética com casos de surdez. A surdez adquirida pode ser tratável quando aparece associada a doenças, velhice, ferimentos e outros fatores. Já a surdez congênita é irreversível.

Um gato ou cão surdo pode ser atropelado facilmente ao sair à rua, por isso o uso da guia é imprescindível. As plaquinhas com os dados do animal e contatos do dono, presas às coleiras, serão de grande ajuda se o seu pet surdo fugir ou desaparecer. Em caso de fuga será muito difícil fazer com que o animal volte. Por isso as atitudes preventivas são muito importantes.

Outra consequência da surdez é a dificuldade no treinamento do animal, que precisará de estímulos visuais e táteis no processo de aprendizado. Um cão adulto, por exemplo, é capaz de memorizar dezenas de sinais visuais e seguir o seu comando. Para treinar esses animais, utilize luzes, lanternas, gestos, objetos e expressões faciais.

Evite que o pet leve sustos fazendo com que ele veja você se aproximando dele quando ele estiver quieto e sozinho. O instinto de se defender pode disparar uma atitude agressiva do animal e você pode se machucar. Muita gente atribui a cães surdos a agressividade. Mas a verdade é que a desvantagem de não ouvir, ou até de não enxergar, é compensada pela pronta reação defensiva dos animais. Seja gentil e tenha cautela frente aos animais surdos e cegos. Eles são apenas pets normais tentando manter-se íntegros.

Por fim, mantenha o protocolo de vacinação dos seus pets em dia, isso ajuda a prevenir muitas doenças e suas consequências, como as deficiências físicas.

Pin It on Pinterest

Share This