Humanos já sabem que o foguetório vai fazer muito barulho no fim de ano. Mas os pets são pegos de surpresa e o resultado pode ser fatal

Pouca gente sabe, mas, entre as consequências do uso de fogos de artifício sonoros, estão ataques de cães e gatos contra os próprios donos, a alteração do ciclo reprodutor de animais silvestres e até a morte deles, seja por parada cardiorrespiratória, atropelamento e inúmeros outros motivos. Há cães e gatos que saltam, desesperados, do alto dos edifícios por conta dos estrondos assustadores. Cães podem ouvir sons que ocorrem a uma distância quatro vezes superior em relação aos humanos e gatos têm uma audição ainda mais aguçada que a dos cães. Mas essa sensibilidade tem um preço: suportar os exageros festivos dos humanos, principalmente em datas comemorativas. Conforme o cientista comportamental da Purina, Ragen T.S. McGowan, os seres humanos aprenderam a ter a expectativa da explosão dos fogos de artifício. Os animais, ao contrário, são pegos de surpresa.

Ignorar todas essas consequências maléficas aos animais, ao meio ambiente e até mesmo aos humanos é algo inaceitável, irracional e cruel. Fogos de artifício, além de atormentar os animais, poluem o ar com sais de bário, magnésio e outros elementos nocivos. Como se não bastasse, muitos shows pirotécnicos megalomaníacos são financiados com dinheiro público. Como se nota, é muito difícil encontrar um lado bom nos fogos de artifício. Se dependesse do seu pet, com certeza os fogos de artifício nem existiriam. Mas, já que existem, o que podemos fazer a respeito para proteger nossos queridos?

Ignorar as consequências dos fogos de artifício nos animais, no meio ambiente e até nos humanos é algo inaceitável, irracional e cruel

Para a Dr.ª Rachel Stratton, veterinária comportamental da Massey University, Nova Zelândia, os sintomas de ansiedade causada nos cães inclui tremores, latidos, uivos e automutilação. Stratton diz que cães e gatos ficam propensos a parar de comer, saem procurando seus donos, destroem objetos mascando-os, urinam ou defecam. Esses animais podem ficar encolhidos, esconder-se ou sair correndo desorientados.

Estatísticas da ASPCA – American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ou Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade com os Animais), nos Estados Unidos, mostram que fogos de artifício e outros ruídos muito altos são responsáveis por 20% dos desaparecimentos de animais domésticos naquele país. Lá estima-se que 2,8 milhões de pessoas dão aos seus cães medicamentos para acalmá-los. Mas não faça isso sem uma consulta prévia aqui no Vet Plus.

Diante da inércia e desinteresse do Poder Público em proibir os fogos de artifício sonoros, o jeito é minimizar o sofrimento dos peludos. Prepare-se para festas de fim de ano, finais de campeonatos esportivos e outras comemorações a fim de não perder o seu pet. Comece expondo o pet a esses estrondos quando ele ainda for um filhote. É bem provável que ele não venha a desenvolver essa fobia na idade adulta.

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Fogos de artifício e outros ruídos muito altos são responsáveis por 20% dos desaparecimentos de animais domésticos nos EUA

Se já é muito tarde para isso, prepare-se para o bombardeio, pendurando uma placa de identificação no animal, contendo o nome dele e os seus contatos. Caso o desespero leve-o a fugir, ainda haverá a esperança de alguém encontrar e devolver.

Em fim de ano o terror dos pets é anunciado, então é possível tomar algumas precauções:

  • Feche portas e janelas para evitar que o bichinho despenque andares abaixo e isso acabe com o seu Natal ou Ano Novo. Ao contrário de nós, humanos, eles não têm discernimento para entender que se trata de um ruído passageiro. Pego de surpresa, o seu pet pode fugir para a rua e sofrer um atropelamento, cair na piscina e morrer afogado.
  • Acomode o pet no local mais calmo e protegido de sons que a casa tiver. Prefira uma iluminação suave. Coloque música calma e, para os cães, ofereça um delicioso osso para que ele fique bem entretido, mas evite uma alimentação pesada. O distúrbio emocional causado pelos fogos pode induzir cães à torção estomacal, algo fatal.
  • Caso você não possa deixar o animal dentro de casa, procure um veterinário que receite o sedativo mais adequado a ser administrado em dias de fogos. Tampões de algodão nos ouvidos do bichinho também podem ajudar.
  • Especialmente no caso dos cães, não os deixe confinados em grupos muito grandes durante os fogos. Eles podem brigar até a morte, portanto, separe-os. Não os mantenha acorrentados, sob o risco de enforcarem-se.
  • Em relação aos gatos, recolha-os para dentro de casa antes de anoitecer, caso não more em apartamento. Eleja um quarto da casa que possua uma cama e uma estante: nesses locais prepare tocas feitas de cobertores ou edredons. Tranque-os nesse local quando os rojões iniciarem. Se ficarem soltos, eles acabarão embaixo de máquinas de lavar, geladeiras e outros locais com perigo de choque elétrico ou ferimentos em estruturas ou ferragens.
  • Mantenha comida, água e sanitários para os pets no ambiente confinado.

 

Camisas calmantes

As camisas calmantes são uma boa alternativa para amenizar fobias e traumas em animais. Foram desenvolvidas pela Dr.ª Linda Tellington-Jones e Dr.ª Temple Grandin, estudiosas do comportamento animal, que, no início, aplicavam o método em cavalos. Trata-se de uma amarração em volta do corpo do animal com um pano ou bandagem e que tem alguma semelhança com a tradicional amarração de bebês humanos com cueiros para acalmar a criança.

Batizada de Tellington Touch, a técnica estimula a circulação sanguínea nas regiões extremas do corpo, o que ameniza tensões no dorso e diminui a irritabilidade do pet.

A amarração da faixa de pano precisa ser feita de forma que inclua o peito e o dorso formando um oito e finalizando com um nó na região traseira (que não fique sobre a coluna).

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Conforme explicam os especialistas, amarrar o animal dessa forma reflete no sistema nervoso, que recebe uma informação sensitiva e a envia ao cérebro: a pressão da amarração ativa o sistema nervoso autônomo. Fica mais fácil para o pet enfrentar o medo e o pavor quando o corpo e a psiqué do bichinho entram em harmonia com a sensação de segurança proporcionada pela leve pressão. Cada pet tem um nível próprio de fobia, por isso a técnica não funciona em todos os animais. Entretanto, já foi comprovado que a amarração reduz o estresse e alivia a tensão.

Já é possível encontrar coletes calmantes no mercado brasileiro de produtos veterinários. Um fabricante norte-americano afirma que 80% dos cães que utilizam o produto obtêm algum resultado positivo.

 

 

 

 

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