Um pouco de dedicação e paciência do dono podem resolver o problema

Muitos dos problemas comportamentais dos cães de estimação provêm do fato de ficarem muito tempo sozinhos em casa. Mas, se alguém disse a você que o seu cachorro sofre de ansiedade com a separação do dono, tenha cautela. Pode não ser o caso. A ansiedade é uma coisa séria e a maioria dos cães não a adquirem por ficarem sozinhos.

Ficar sozinho significa ser pouco estimulado com brincadeiras, passeios e outras atividades. Por isso o animal tende a descarregar a energia excedente mascando os pés da mobília ou destruindo calçados e outros pertences. Há grandes possibilidades de você resolver isso com medidas simples, mas que requerem dedicação e paciência.

Os norte-americanos chamam o problema do cão ficar sozinho em casa de CHAP (Canine Home Alone Problem). O CHAP é considerado o problema mais comum do mundo em termos de cães domésticos.

Disciplina para o bichinho

Procure associar a cama do peludo, ou o lugar onde ele dorme, a experiências positivas para ele, como, por exemplo, colocar alguns petiscos na caminha, sem que ele perceba. Toda vez que ele deitar, irá encontrá-los e se deliciar. Reforce verbalmente, dizendo que aquela é a “caminha” (ou o termo que preferir) dele. O importante é usar uma palavra-chave. Algumas vezes, dê-lhe alguns afagos enquanto está na cama, sem sobressaltos ou exageros. Também adote um gesto com as mãos, algo visual, e utilize-o pelo menos vinte vezes ao dia para mandá-lo para a cama. Faça isso enquanto estiver vendo televisão, trabalhando em seu computador ou lendo uma revista.

O cão irá aprender o significado da palavra “caminha”, facilmente, se você indicá-la com o dedo, dizendo gentilmente algo como “vai na caminha” ou “vai pra caminha”. É importante ser repetitivo, manter-se calmo, ter muita paciência e dar ênfase à palavra “caminha”. Agora você já pode jogar um petisco na caminha, abertamente, para incentivá-lo a pular dentro. Reforce o comando para que o cão permaneça no lugar.

E se isso não der certo?

Pare de reforçar o comando imediatamente se o cão deixar a caminha dentro de dez segundos e ignore-o completamente por uns dois minutos. O importante é que esses minutos sejam particularmente tediosos para o cão. Faça isso repetidas vezes até que ele permaneça na cama mesmo quando você se afastar.

Para que ele permaneça na cama, reforce a palavra “caminha” imediatamente após ele deitar, usando um tom sereno. Quando ele deitar, deixe o ambiente por dois segundos e, depois, volte. Deixe o ambiente repetidas vezes em intervalos de tempo maiores ou menores, de forma irregular. Também varie o tempo em que você fica fora do ambiente (30 segundos, 5 segundos, 1 minuto, por exemplo). Se o cão permanecer na cama, não faça nada, não ofereça estímulos. Não o impeça de sair, mas mande-o de volta e comece um novo ciclo de ausências, com períodos de tempo variáveis.

Fechando a porta

Outro passo importante do processo de aprendizagem, para que o peludo fique sozinho com tranquilidade: sair e fechar a porta. Para que isso dê certo, repita o procedimento de deixar o ambiente pelo menos dez vezes, com atenção para o seguinte: nas primeiras vezes não feche a porta ao sair, apenas toque nela, mexendo no trinco levemente. Na sequência, deixe a porta entreaberta, repetindo algumas vezes o ato de sair do ambiente meia-dúzia de vezes. Assim que for possível, tente ficar fora do ambiente por três minutos, sem que o animal deixe a caminha. Enquanto ele não permanecer ali por esse período de tempo, recomece o procedimento de deixar a sala sem fechar a porta.

Comandos repetidos e experiências positivas aceleram o processo de assimilação do cão

Quando o cão começar a permanecer pelo menos três minutos, você já pode sair e fechar completamente a porta, por dois segundos. Depois, abra e entre novamente. Se tudo estiver certo, não dê atenção ao cão. Se ele estiver fora da cama, volte a tentar fazê-lo permanecer por três minutos na cama com a porta entreaberta.

Assim que você obtiver sucesso com a porta fechada, inicie uma variação de períodos de ausência: ausente-se por cinco segundos, depois dez segundos, três segundos, um minuto e assim por diante. Toda vez que ele permanecer no lugar, entre e não lhe dê atenção alguma. Finja ter entrado para fazer alguma coisa. Abra uma gaveta, mexa em objetos, algo assim.

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Manutenção da obediência

Mesmo quando você estiver em casa, deixe o cão sozinho algumas vezes. Não dê atenção a ele o tempo todo, isso o fará muito dependente e mal-acostumado. Lembre-se de estimular corretamente o animal antes de sair de casa, sem exageros, para que fique na cama dele. Providencie algo para ele fazer quando você sair. Não é necessário investir em brinquedos caros. Um recipiente plástico com um furo, cheio de petiscos que não saem facilmente, irá entretê-lo por horas. Se preferir, você pode encontrar brinquedos disponíveis nas lojas, que fazem a função de manter petiscos presos dentro, liberando-os aos poucos, mediante as investidas do animal.

Mesmo quando estiver em casa, procure, frequentemente, deixar o cão sozinho

Coloque a caminha em um local central da casa. A maioria dos cães não gosta de ficar isolada em lugares afastados dos ambientes mais comuns de convivência. Esqueça a despensa e a área de serviço!

Continue usando a palavra “caminha” e fazendo da cama um local atrativo, com mimos ocasionais, reforços verbais e carícias. Certifique-se de que a caminha não esteja muito limpa e nem muito suja: muitos cães não curtem o cheiro do amaciante ou perfumes muito fortes do detergente. Faça o possível para que a cama seja confortável para o cão, sem agredir os sentidos dele.

O barulho das chaves

Uma boa dica é acostumar o cão ao barulho das chaves com as quais você tranca a porta toda vez que deixa a casa. Chacoalhe as chaves periodicamente, mexa nelas de vez em quando, sem sair. Por vezes, prenda o molho de chaves no seu sapato para que tilintem quando você anda. A ideia é que o cão dissocie o som das chaves do fato de você estar saindo. Isso vai reduzir ou até eliminar aquela agitação do bichinho toda vez que você apanhar o molho pra sair.

A ideia desse método é criar associações positivas visando à ida voluntária do cão para a caminha. Fazer o animal permanecer na cama frequentemente, mesmo quando estamos em casa, ajuda-o a entender que ele deve ficar sossegado quando está em casa e que lugar de agitação é lá fora. Para um resultado mais rápido e eficiente, não deixe que o animal durma no mesmo cômodo que você e sempre o estimule a ir para a cama dele.

Não deixe que o animal durma no mesmo cômodo que você e sempre o estimule a ir para a cama dele

É importante que você não estimule demais o cão, provocando-o e irritando-o a todo momento. O contrário também não é indicado: sempre o estimule a fazer a coisa certa, dando comandos, recompensas e carinho com frequência.

Cartão de emergência

Já é possível encontrar, na internet, modelos de cartões para imprimir e manter na sua carteira, caso você sofra algum acidente ou algo pior. São cartões com os dizeres: “Meu cão está em casa sozinho – Se algo acontecer comigo, por favor, entre em contato com as pessoas que estão no verso deste cartão”. Uma boa ideia para evitar que o seu pet fique desamparado.

Caso esse método não funcione, há uma possibilidade do seu cão sofrer de uma genuína ansiedade e precise de atenção especializada. O Vet Plus Hospital Veterinário está de portas abertas para dar toda a orientação e assistência que você precisar.

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